sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Silêncio na comunidade Punk


O vocalista da banda Cólera e grande precursor do movimento punk, Redson (Foto:Reprodução)
Por Bianca Santos

A comunidade punk perdeu, na noite desta terça-feira (27), um de seus maiores precursores: Edson “Redson” Pozzi. O vocalista da banda paulistana de punk-rock Cólera foi encontrado morto em sua casa depois de sofrer uma hemorragia interna causada por uma úlcera que se rompeu. O enterro foi realizado ontem (29), às 10h, no Cemitério da Vila Alpina, em São Paulo.


O anúncio da morte do músico foi feito pela própria banda, Cólera, através do Facebook. Foi postada a seguinte mensagem:
"QUERIDOS que acompanham a história do Cólera: infelizmente nosso amigo Redson partiu..... Será lembrado eternamente pela grande obra e motivo maior de sua vida: o Cólera! Fica em paz, meu amigo: FAMÍLIA CÓLERA ETERNAMENTE!"

Redson foi um dos primeiros brasileiros a se preocupar em trazer a ideologia e as influências musicais do movimento punk ao país, até então somente visto na Europa e America do Norte. A banda Cólera foi formada em 1979 e lançou durante esse período seis álbums em estúdio. Além do mais, o vocalista e guitarrista também é lembrado pelo seu repertório, de conteúdo pacifista e conscientizador.



A morte prematura de Redson marcou fortemente todos os que acompanharam e fizeram parte do movimento punk. Tanto que, na data do falecimento, o nome de Redson foi indicado ao Trending Topics (nomes mais citados), no micro-blogging Twitter. Infelizmente uma perda inestimável tanto para o movimento punk, quanto para a história da música e cultura brasileira.


Botinada: O Punk Brazuca

Por Bruna Madeira

Botinada: A Origem do Punk no Brasil, documentário produzido por Gastão Moreira, é indispensável pra quem quer entender o surgimento do movimento no Brasil

Revista Pop lançamento em 1977 (Fotos: Reprodução)
O ex-VJ da MTV Gastão Moreira, jornalista, apresentador e colecionador de relíquias musicais, produziu o documentário que relata a origem do punk no Brasil, pra quem quer entender o sobre o surgimento do movimento, em meados do ano de 1976.
O início do documentário já é brilhante, porque cita uma frase de Chico Buarque, muito pertinente ao tema: "Se punk é o lixo, a miséria e a violência, então não precisamos importá-lo da Europa, pois já somos a vanguarda do punk em todo o mundo." 


Revista Pop visão interna 1976 (Fotos: Reprodução)

Segue com imagens, vídeos inéditos e depoimentos esclarecedores, que nos auxiliam na construção do cenário e na compreensão dos fatos.
O movimento foi surgindo aos poucos no Brasil - não se sabe ao certo se seu início foi em Brasília ou São Paulo -, a sociedade estava começando a gritar e lutar por sua liberdade de expressão, utilizando a estética, os costumes e a música para realizar esse desejo reprimido diante do final da ditadura militar.
A participação do elenco é monstruosa e de peso, sustentando credibilidade e fidelidade, retratada por ângulos jamais explorados pela mídia, tornando viável a compreensão de toda a trajetória do movimento e sua força no país.

Botinada: A Origem do Punk no Brasil - Parte 1
Botinada: A Origem do Punk no Brasil - Parte 2
Botinada: A Origem do Punk no Brasil - Parte 3
Botinada: A Origem do Punk no Brasil - Parte 4
Botinada: A Origem do Punk no Brasil - Parte 5
Botinada: A Origem do Punk no Brasil - Parte 6
Botinada: A Origem do Punk no Brasil - Parte 7
Botinada: A Origem do Punk no Brasil - Parte Final                                                                 
O DVD está disponível em locadoras e pelo canal Youtube. O documentário foi lançado em 2006 e possui 110 minutos de duração. Foram 4 anos de pesquisa, 77 entrevistas com punks, jornalistas, bandas e simpatizantes do movimento. O preço pode variar de R$ 40,00 até R$ 65,00 e, conta com material extra - como poesia e literatura punk - além de um CD com as principais bandas e músicas de sucesso como: Pânico em SP - Inocentes, Vivo na Cidade - Cólera, Agressão/Repressão - Ratos do Porão...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Punk de Butique

Supla em conversa com a matriarca do visual punk de butique, Vivienne Westwood. (Reprodução)

Por Camila Pereira 

A estética punk surgiu junto ao movimento na Inglaterra por volta de 1970, servindo como "armadura" para enfrentar as ruas, o caos do desemprego, e a revolta das classes trabalhadoras, justamente contra a perspectiva da vida burguesa.
O ícone do visual punk no Brasil vem de famílias burguesas, tem nome e sobrenome, mas muitos o conhecem como Supla, seu nome em cartório consta como Eduardo Smith de Vasconcelos Suplicy. O que o torna esse "punk" granfino é justamente seu estilo de vida burguesa, frequenta as mais badaladas festas, é descendente das mais importante famílias paulistas, a Matarazzo e Barão de Vasconcelos.

Supla no camarote Devassa, no Carnaval  2011. (Reprodução)
O papito ficou conhecido em todo o país quando participou do reality show Casa dos Artistas em 2001, seu visual assustou, mas conquistou carisma do público garantindo risadas.
Supla é a personificação desse estilo punk de butique, usa coturno Steve Madden e casaco Vivienne Westwood, é inegável sua fonte de inspiração, Billy Idol.
O cabelo descolorido é mantido espetado através da clara de ovo, segundo o próprio Supla, não existe gel que resista ou seja mais potente que a clara de ovo.

Billy Idol. (Reprodução)

Por mais que seja divertido, ele não é aceito no movimento, mesmo se montando de punk, Supla não é agregado, e um dos motivos que o afasta do movimento é justamente ter vindo de família rica. Já levou pancada em balada, seus clipes estão sempre entre os piores, e a comparação com Billy Idol é ridicularizada. No entanto, mesmo muitos torcendo o nariz, ele consegue atenção na mídia seja como for.

sábado, 24 de setembro de 2011

Uniforme Punk

Os integrantes da banda Sex Pistols eram a maior referência para o estilo punk (Foto: Site Oficial Sex Pistols)

Por Bianca Santos

O estilo punk é mundialmente conhecido por alguns elementos básicos que o definem. Jaquetas e calças de couro são um dos itens obrigatórios no guarda roupa dos punks. Acrescidas manualmente (do it yourself) de tachas e artigos metálicos, as peças agregam um ar de “poder” à imagem. Sid Vicious, baixista da banda Sex Pistols e grande ícone da cultura punk, era constantemente visto usando peças nesse material. 

A calça jeans também é um elemento super importante na construção da estética punk. Quanto mais rasgada, suja e velha, melhor. Aqui, a intenção está diretamente ligada à atitude transgressora principalmente à sociedade e à própria moda. Um punk nunca quer ser visto como uma pessoa que se preocupa com a imagem, mas sim o inverso. Ele quer causar choques através dos mais minuciosos detalhes, inclusive com as roupas. Outro item que sempre é identificado na vestimenta punk são os cintos, na maioria das vezes, acrescidos de tachas e metais (novamente para afirmar poder). 

Jaquetas de couro customizadas com tachas e rebites eram peça obrigatória no guarda-roupa punk (Foto: reprodução)

A bandeira do Reino Unido também é tema constante na vestimenta punk. O símbolo virou estampa de camisetas, shorts, calças, lenços, etc. No movimento, ela é muito utilizada para simbolizar o berço do estilo, que nasceu na Inglaterra, e também remete às críticas feitas ao governo e instituições monárquicas. É quando, novamente, o punk se envolve ao anarquismo e à luta por uma nação livre de governos e de ideais políticos autoritários. 

A cor vermelha sempre aparece em alguma peça, ou até mesmo em detalhes. Novamente a idéia de transgressão vem à tona, já que a cor nos remete a temas incomuns como fogo e sangue. Também ligados a esse aspecto, estão as camisetas com frases transgressoras. Muitas camisetas traziam mensagens críticas, palavrões e símbolos nazi-facistas, a fim de polemizar e agregar rebeldia. 

Nos pés, só tênis e coturnos. Foi quando surgiu a marca Converse, conhecida até hoje e vista constantemente nos pés de jovens do mundo inteiro. Na época, o tênis simbolizava uma crítica a classes sociais mais altas e ao trabalho. Nada de social, de sapatos clássicos. A ordem da vez era unir conforto à “não submissão aos ideais e modismos da época”. 

Garotos com roupas características ao movimento punk (Foto: reprodução)

A mensagem dos meninos do Sex Pistols é realmente uma só: transgressão. E foi a partir dessa banda-vitrine que o estilo se propagou com força, não só pelo Reino Unido, como no mundo. E propaga até hoje, inclusive no Brasil. Porém, de uma forma diferente: sem ideais e bordados em tecidos finos por grandes casas e estilistas.

A cara do punk

Garotas com típicas maquiagens punk (Fotos: reprodução)

Por Bianca Santos

Olhos bem marcados em tom de preto, boca borrada de batom vermelho e cabelos espetados. Qualquer pessoa ao ler ou ouvir essa definição com certeza irá associá-la automaticamente à estética punk. De fato, e como podemos conferir nas fotos acima, é assim que os membros desse movimento costumavam se "montar". Para uma juventude na qual a maior satisfação era a de transgredir e se rebelar, esses elementos eram acessórios obirgatórios na luta pela desconstução da imagem.

Quanto mais chocante e feio, melhor. Os punks buscavam chamar atenção justamente através do que era grotesco e repugnante aos olhos da sociedade elitista e, até então, eles cumpriam essa tarefa muito bem. Mas foi no meio dessa história que a indústria da moda tratou de tirar a sua vantagem: foi agregando aos poucos, bem sutilmente, tudo o que os seguidores do movimento punk tinham construído até então: inclusive a maquiagem.

 Primavera/Verão 2012 da Iceberg, desfilada na Semana de Moda de Milão (Fotos: reprodução)

Primavera/Verão 2012 da Gucci, desfilada na Semana de Moda de Milão (Fotos: reprodução)

Hoje, mais de 40 anos depois de seu surgimento, é possível encontrar os elementos do movimento punk na moda e em seu extenso mercado. Seja nos editoriais de grandes revistas, como a Vogue, ou na passarela das mais conceituadas marcas do momento, é possível encontrar constantemente pitadas sutis de transgressão e rebeldia.

Nesta temporada de moda que está sendo realizada em Milão o olho preto, como o usado pelos punks, foi a aposta de duas grifes: a italiana Gucci e a francesa Iceberg. Mas não é só nas passarelas que esse tipo de maquiagem aparece constantemente. Modelos e cantoras também gostam de adotar esse estilo mais "pesado". Não é de se admirar que, em breve, essa maquiagem seja desfilada nas boates mais caras de São Paulo, vestindo o rosto da high-society. É a cara do punk: a cara da moda.

As cantoras Avril Lavigne (à esquerda) e Taylor Momsem são adeptas do olho preto e marcado (Fotos: reprodução)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Princesas do punk

Por Camila Pereira

Moda Punk aparece religiosamente em semanas de moda.

O punk rock virou hit, grifes como Balmain e Cristian Louboutin se inspiram em referências como Johnny Rotten (vocalista dos Sex Pistols) para suas coleções. E, de repente, peças rasgadas, tachas, jeans detonados, couro, caveiras e as cores vermelho e preto marcaram essa última temporada.

Desfile Balmain Primevera-Verão 2011. (Reprodução)


Sapato Louboutin Spikes.(Reprodução)


A rebeldia pertinente ao movimento punk se instalou na moda. Mas, quem não gosta de andar por aí sujo e com maquiagem borrada e descabelado, deu um jeitinho de se fazer ver. As blogueiras, mesmo em saltos altíssimos e cabelos impecáveis, também aderiram à moda. E  caveiras começaram a aparecer nos mais diversos looks : camisetas, saias, bolsas, anéis, sapatos. Claro que repletos de strass, purpurina, ou qualquer coisa que as fizessem brilhar.  

Blogueiras e suas respectivas caveiras. (Reprodução)



No auge do movimento punk a ideia era justamente não seguir a moda, o DIY (do it yourself ,ou, faça você mesmo) era fundamental em qualquer peça, eram roupas improvisadas, rasgadas por eles mesmos, cheias de alfinetes. E traduziam tudo que fosse caro ou desnecessário como ato cafona.
O que a moda atual traz são jaquetas custando cerca de R$15 mil, sapatos por volta dos R$10 mil, e as it girls pagam por isso sorrindo, tá na moda né?!

Jaqueta Balmain, presença punk nas ruas.(Reprodução)